Na época
em que os navegadores portugueses conquistaram boa parte do mundo, desembarcaram
na costa da terra, depois chamada Brasil, e se depararam com um universo para
eles incompreensível. Entre esses navegadores estava o capitão Matias Souto
Maior, único entre seus iguais, que ao deparar-se com prodígios incomuns, mesmo
para aquelas terras selvagens, resolveu seguir adiante, acompanhado por uma
tribo de índios brutos, assustados com a aparição de um menino de pele escura,
pássaros de luz, monstruosidades gentis e um bêbado, que pareciam oriundos de
outros tempos.
Os bugres
acreditavam que aqueles homens barbudos e fedidos talvez pudessem salvá-los da
calamidade que se abatia sobre a terra e o capitão Matias e os seus marujos
acreditavam que estes poderiam guiá-los para o país dos pássaros de luz que
excretavam ouro.
Partiram,
então, com o fito de por termo ao desconcerto do mundo, mas acabaram por se
perderem em um espaço feérico em que todos os tempos e todos os lugares se
confundiam para desespero do jesuíta que os acompanhava, o padre Jerônimo
Cadena, que a um minuto da loucura passou a acreditar que tudo aquilo, todo
aquele mundo em desmazelo não passava de uma armadilha do demônio, o macaco de
Deus, a confundir os homens naquelas terras da cafraria.
Porém,
nenhum deles estava certo, pois a certeza não tinha lugar naquelas terras e a normalidade
havia sido banida do mundo, pois o bizarro era a ração de cada dia naquele
estranho universo, cujas leis extravagantes confundiam as mentes e a memória de
todos aqueles envolvidos na estranha peregrinação rumo ao inexplicável.
Sobre o
autor:
Carmelo
Ribeiro é
professor graduado em História e Mestre em Geografia. Publicou contos nas
antologias “Moedas para o Barqueiro”, “Bandeira Negra” e “Espectra”. Contatos: carmelorbf@yahoo.com.br
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